Há muito tempo nas igrejas
evangélicas o título de “Levita” é
usado para os músicos e cantores do ministério de louvor das igrejas.
Tal costume não é muito
antigo, mas parece que já está se tornando tradição. No Novo Testamento não
temos referência a ministros de louvor nem a instrumentistas na igreja. Jesus
disse que o Pai procura adoradores (João 4:24). O ensino apostólico, por sua vez,
incentiva todos os cristãos a prestarem culto ao Senhor, com salmos, hinos e
cânticos espirituais (Ef 5:18-20).
Biblicamente falando, o que
podemos chamar de função dos levitas, vai muito além do que empunhar um
microfone ou instrumento para entoar Louvores a Deus.
Há muitos que não sabem o
que é ser um levita, porém mesmo assim se autodenominam como tal. Para
entendermos melhor a pessoa do levita vamos estudar sobre a origem deste nome.
LEVI é uma palavra de origem
Hebraica (LÊWI) que tem sua raiz na palavra IÃWÂ que significa JUNTAR e HILLAWEH
que significa UNIR. Foi o nome dado ao terceiro filho de Jacó com Lia, a bíblia
diz que Jacó amava a Raquel e fez um acordo com Labão seu pai para trabalhar
sete anos tendo como recompensa ao fim destes que Labão lhe desse sua filha
Raquel em casamento. Ao final dos sete anos Labão entregou sua filha Lia a Jacó
sob a alegação de que não era justo entregar a filha mais nova primeiro que a
mais velha, assim Jacó trabalhou mais sete anos por Raquel.
Jacó amava mais a Raquel do
que a Lia, então quando Lia teve seus dois primeiros filhos, que os chamou
Rubem e Simeão, ela acreditava que Deus a deu Rubem porque viu a aflição pela
qual passava e Simeão porque Deus viu que ela era desprezada por seu marido.
Quando Levi nasceu ela acreditou que este nascera para uni-la a seu marido.
Veja o texto:
“Outra vez
concebeu Lia, e deu à luz um filho, e disse: Agora, desta vez, se unirá mais a
mim meu marido, porque lhe dei à luz três filhos; por isso, lhe chamou Levi.”
(Gênesis 29:34).
Levi era um dos filhos de
Jacó com sua esposa, Lia (Gn 35:22b-23), e levita era qualquer descendente do
terceiro filho de Jacó. Levi teve três filhos, Gérson, Coate e Merari (Gn
46;11; Nm 3:17; 1Cr 6:16) e cada um dos seus filhos formou uma família tribal,
ou seja, uma tribo; Ex 6:16-19; 1Cr 6:16-48);
Filhos formou uma família tribal,
ou seja, uma tribo; Ex 6:16-19; 1Cr 6:16-48);
Levita é um termo usado a
todo descendente de Levi, mas raramente é empregado no Antigo Testamento dessa
forma. Em geral é atribuído a todo filho homem de Levi à parte dos sacerdotes,
os descendentes de Arão, isto é, refere-se àqueles que tinham o direito de
servir no santuário num papel subordinado.
Moisés e Arão eram levitas
da Casa de Anrão e da Família de Coate (Ex 6;16, 18, 20, 26), e a expressão
“sacerdotes, os levitas”, possivelmente é uma expressão que se refere aos
genuínos sacerdotes (Dt 18;1).
DOIS NÍVEIS DE MINISTÉRIO:
Haviam
dois níveis de ministério no Antigo testamento. Um era dos levitas,e o outro
era o dos sacerdotes. Em Números 1:50-53, os levitas foram encarregados do
serviço do tabernáculo do testemunho.
“Mas tu põe
os levitas sobre o tabernáculo do testemunho, sobre todos os seus móveis, e
sobre tudo o que lhe pertence. Eles levarão o tabernáculo e todos os seus
móveis, e o administrarão; e acampar-se-ãoao redor do tabernáculo”.
Quando o tabernáculo houver
de partir, os levitas o desarmarão; e quando o tabernáculo se houver de
assentar, os levitas o armarão; e o estranho que se chegar será morto. Os
filhos de Israel acampar-se-ão, cada um no seu arraial, e cada um junto ao seu
estandarte, segundo os seus exércitos.
Mas os levitas acampar-se-ão
ao redor do tabernáculo do testemunho, para que não suceda acender-se ira
contra a congregação dos filhos de Israel; pelo que os levitas terão o cuidado
da guarda do tabernáculo do testemunho”. Os filhos de Israel não poderiam se
aproximar do tabernáculo, nem nos seus acampamentos.
Portanto, os levitas eram ministros de Deus. Eram escolhidos por
Deus para se chegarem mais perto da Sua presença, para servi-lo. Era uma tribo
toda, separada ao ministério. A responsabilidade deles era o tabernáculo em si,
“o cuidar do Tabernáculo do Testemunho”.
Os
sacerdotes, porém, foram separados para ministrarem ao Senhor no seu ofício. O
ministério deles era dirigido ao Senhor. Eles chegavam bem perto da presença de
Deus, pois a sua responsabilidade era o altar. “Depois disse o Senhor a Arão:
Tu e teus filhos, e a casa de teu pai contigo, levareis a iniquidade do
santuário; e tu e teus filhos contigo levareis a iniquidade do vosso
sacerdócio.
Vós,
pois, assumireis o encargo do santuário e o encargo do altar, para que não haja
outra vez furor sobre os filhos de Israel” (Nm. 18:1,5).
Havia,
portanto, dois níveis de ministério. Um era ao Senhor. O outro era ao
tabernáculo. Estes dois níveis são encontrados com clareza também em Ezequiel
44. Deus estava fazendo separação entre os levitas que haviam sido infiéis, e
os sacerdotes que não se desviaram do caminho do Senhor. Aos levitas, ele diz:
“Contudo serão ministros no meu santuário, tendo ao seu cargo a guarda das
portas do templo, e ministrando no templo”. (Ez. 44:11a) .
Mas aos sacerdotes fiéis, ele diz: “(...) eles se chegarão a
mim, para me servirem; e estarão diante de mim, para me oferecerem a gordura e
o sangue, diz o Senhor Deus; eles entrarão no meu santuário, e se chegarão à
minha mesa, para me servirem, guardarão a minha ordenança” (Ez. 44:15,16).
Não temos reconhecido a diferença entre estes dois níveis de
ministério e a relação que deve existir entre eles. Deus não habita onde seus
padrões não são praticados e seguidos.
Os levitas no Velho Testamento, a referência se aplica aos
ajudantes dos sacerdotes. Seu serviço era cuidar do tabernáculo e de seus
utensílios, inclusive carregando tudo isso durante a viagem pelo deserto
(Números capítulos 3, 4, 8, 18).
FUNÇÃO
DOS LEVITAS:
Abençoar o Povo: Dt 10:8
Guardas do Templo: 1Cr26:1-19; 2Cr
23:5-6; 31:2; 35:15
Guardas do Tesouro: 1Cr 26:20-28;
29:8; 2Cr 8:15; 31:11-12
Relatores e Juízes: Dt 21:45; 1Cr
26:29-32; 2 Cr 19:8
Cuidar dos Objetos do Templo e da Tenda
da Presença: Nm 3:7; 1Cr 28:13-18
Carregar a Arca da Aliança: Dt 10:8;
31:24; 2Cr 5:4
Ensinadores da Lei: Dt 33:10; 2Cr
17:7-9; 35:3
“Profeta”: 2Cr 20:14-17
Guardas do Rei: 2Cr 23:17
Purificação do Templo:2 Cr 29:5; 30
Sacrifícios: Dt 33:10; 1Cr 6:49; 2Cr
29:34; 30:17-18; 35:11
Intercessão: 2Cr 30:27
Porteiros: Ed 2:40ss
Transportar e Cuidar da Tenda: Nm
1:49-53
Sacerdotes: Dt 10:9
Dermatologista: Dt 24:8
Ministrar no Tabernáculo: 1Cr 6:48
Guerreiros: Ex 32:26-28
Auxiliares de Arão, o Sacerdote: Nm 3:6
Cuidavam das Chaves: 1Cr 9:27; Is
22:22 (símbolo Messiânico)
Recebiam os Dízimos: Nm 18:21-32
Devolviam os Dízimos: Nm 18:20-28
Músicos: 2Cr 5:12; 7:6; 8:14; 20:19;
29:25-26; 30:21-22; 34:12-13; Ed 3:10-11
Cantores: 1Cr 6:31-33; 2Cr 23:18; 29:30; 31:2; 35:15
Ainda se faz válido lembrar que dentre todas as Tribos de Israel, a de
Levi, foi a única que não recebeu por herança uma parte na divisão das terras.
Os levitas receberam por herança o Próprio YWHW (Dt 10:9; 1Cr 54:81; 12:12; Ez
44:28).
Apenas em Ezequiel se tem um relato onde os levitas possuem um pedaço
de terra (Ez 45:3-5).
QUAL
É A RELAÇÃO DOS LEVITAS COM O LOUVOR?
Naquele tempo, os levitas
não eram responsáveis pela música no tabernáculo. Afinal, não havia uma parte
musical no culto estabelecido pela lei de Moisés, embora as orações e sacrifícios
incluíssem o sentido de louvor, adoração e ações de graças.
Muito tempo depois,
Davi inseriu a música como parte integrante do culto. Afinal, ele era músico e
compositor desde a sua juventude (1Sm 16:23). Então, atribuiu a alguns levitas
a responsabilidade musical. Em 1Crônicas (9:14-33; 23:1-32; 25:1-7), vemos
diversas atribuições dos levitas. Havia então entre eles porteiros, guardas, padeiros
e também cantores e instrumentistas (2Crônicas 5:13; 34:12).
Aqueles levitas, designados
por Davi para o louvor, eram liderados por Asafe, Hemã e Jedutum, e tinham a
tarefa de PROFETIZAR com harpas, alaúdes e saltérios (1Crônicas 25:1). Nessa
época, surgiu a maior parte dos salmos de Israel. Hoje, podemos testificar que
aqueles levitas eram mesmo profetas.
A
ORGANIZAÇÃO DO LOUVOR NO TEMPLO POR DAVI:
Quatro mil para louvarem o
SENHOR” com instrumentos feitos por Davi com este propósito (1 Crônicas 23:5).
Certos levitas foram separados para “profetizarem com harpas, alaúdes e
címbalos” (1 Crônicas 25:1). Os filhos de Asafe foram colocados “sob a direção
deste, que exercia o seu ministério debaixo das ordens do rei” (25:2). Os
filhos de Jedutum foram colocados “sob a direção de Jedutum, seu pai, que
profetizava com harpas, em ações de graças e louvores ao SENHOR” (25:3). Os
filhos (e, aparentemente, as filhas também) de Hemã estavam envolvidos:
“Todos
estes estavam sob a direção respectivamente de seus pais, para o canto da Casa
do SENHOR, com címbalos, alaúdes e harpas, para o ministério da Casa de Deus,
estando Asafe, Jedutum e Hemã debaixo das ordens do rei” (25:4-6). As pessoas
eram treinadas com este propósito: “O número deles, juntamente com seus irmãos
instruídos no canto do SENHOR, todos eles mestres, era de duzentos e oitenta e
oito” (25:7).
O ofício da música não era
entregue nas mãos de qualquer pessoa voluntária, desejosa de assumir tal
ministério. Havia dedicação e consagração dos escolhidos para o ofício da
música. Os músicos dirigentes eram considerados, assim como os sacerdotes. Os
levitas músicos tinham como único propósito dirigir o culto de louvor.
EXISTE
NA NOVA ALIANÇA SACERDÓCIO LEVÍTICO?
Entretanto, apesar de
sacerdote, Jesus não pode ser considerado um levita. Um motivo para isso é
biológico – ele não é descendente de Levi, mas de Judá. Como ele poderia
assumir a função sacerdotal? O segundo motivo é teológico. O autor de Hebreus
ensina que Jesus é sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque (Hb
5.10).
QUEM
SÃO OS LEVITAS DE HOJE?
Considerando o paralelo
existente entre Israel e a Igreja de Jesus Cristo, podemos até utilizar o nome
“levita”, embora não sejamos descendentes de Levi. Mas, se queremos assim
considerar, então todos os que servem em qualquer ministério podem ser chamados
“levitas”. O levita é aquele que executa qualquer serviço ligado ao culto. O
levita é simplesmente um servo e não alguém que esteja na igreja para ser alvo
da glória humana.
É importante lembrar, levita
não é o músico, mas todo aquele disposto a servir. Não existe uma importância
maior para o músico no Reino de Deus. Tanto o que toca instrumentos, quanto o
que abre a porta ou limpa o chão, servindo ao Senhor, é levita.
CONCLUSÃO:
Assim como nos dias de hoje
em nossas igrejas, as celebrações no período Tribal também sofreram mudanças
que demandavam ainda mais cuidados e atenção por parte de quem conduzia os
rituais na tenda. Arão, seus filhos e os primogênitos judeus não estavam dando
conta de suprir com a demanda das atividades.
Como por exemplo, o zelo, o
transporte do santuário, o preparo dos materiais a serem usados no culto,
atividades estas que passaram a exigir mais força do que uma família e outros
homens conseguiriam suprir. Então o Todo Poderoso escolhe uma das 12 Tribos
para estar integralmente servindo no tabernáculo. E a Tribo de Levi foi a
escolhida para tal ofício, no lugar dos primogênitos de todas as tribos (Nm
3:11).
Os levitas não possuíam
herança na terra; nenhuma porção da Terra Prometida lhes coube para seu uso
exclusivo (Nm 18.23; Dt 12.12ss). Eles eram sustentados pelos dízimos do povo,
enquanto que os sacerdotes recebiam as porções das ofertas não consumidas pelos
sacrifícios, os primogênitos do rebanho bovino e ovino, e o dízimo levítico (Nm
18.2ss; Dt 18.1-4).
Os levitas tinham permissão
para residir em 48 cidades separadas para seu uso (Nm 35.1ss; Js 21.1ss).
Cercando cada uma das cidades era assinalada uma área de pastagem que estava
reservada para os levitas (Lv 25.32-34). O livro de Deuteronômio dá grande
ênfase na responsabilidade dos israelitas para com os filhos de Levi.
À tribo de Levi Deus
outorgou distinção especial, separando-a para os serviços sagrados. Aceitou-a
em lugar dos primogênitos de todo o Israel.
Mas o sacerdócio
propriamente dito, ficou restrito à família de Aarão somente. Os sacerdotes
eram todos levitas, mas nem todos os levitas eram sacerdotes.
Somente Aarão, seus filhos e
os futuros descendentes de seus filhos poderiam ministrar diante do Senhor.
No Ministério Levítico não
existe oportunidade, existe “chamamento”. E esse chamamento envolve saber que
só se tem uma vontade: fazer a vontade de quem o legitimou. Obras da carne não
são próprios de um Levita de Excelência.
Eis o que lhe é próprio: bondade,
mansidão, temperança, amor, alegria. E esta alegria não é apenas um estado da
alma. É gozo, um Fruto do Espírito. Não é condição física, é uma atitude
espiritual. Alegria não é resultado de uma conquista, mas sim estratégia para
vitória. Não produzimos uma alegria. Recebemos. O levita tem facilidade de
receber, pois é sensível, é apaixonado por Deus. A obediência é uma de suas
principais características, pois, sabe que aqueles que não obedecem assinam o
óbito. (1Sm 15:22b).
Em muitas igrejas, essa
separação entre “ministros de louvor” e a congregação gera uma perigosa
classificação de espiritualidade. É claro que pessoas que se colocam à frente
da congregação (e, de certa forma, ensinam e lideram o rebanho) devem tomar um
cuidado especial em relação a suas atitudes e comportamento.
Entretanto, isso não coloca necessariamente os cantores e músicos em algum tipo de posição diferente,
como alguém mais consagrado, imune à
críticas, etc. Tanto pastores, quanto
músicos e “leigos” são aceitos por Deus por meio da fé em Cristo, porque ele
viveu e morreu de forma perfeita por nós. Diante de Deus, todos têm 100% de
aprovação.
Ao mesmo tempo em que
músicos e cantores devem estar atentos
para que não caiam, eles precisam se
lembrar de que a cruz nivela tudo – somos todos merecedores da ira
eterna, somos todos justificados em Cristo, não em Levi, todos somos templo,
sacrifício e sacerdotes.
Fontes de pesquisa:
InfoEscola.com
sociedade Bíblica do Brasil 2009.
Bíblia sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida.
http://www.montesiao.pro.br/
http://pierremattos.blogspot.com.br/
http://reforma21.org/artigos/7-razoes-para-nao-chamar-musicos-de-levitas.html
http://www.idefacil.com.br/
HARRIS, R. Laird, Dicionário Internacional de Teologia – Antigo Testamento. São Paulo – SP: Editora Vida Nova, 2001.
GOTTWALD, N. K. As Tribos de Iahweh: Uma sociologia da religião de Israel liberto, 1250 – 1050 a.C. São Paulo: Paulinas, 1986.
ARTIGO - A Tribo de Levi: Considerações
Preliminares.